20080615

Vontade de sonhar


Sonia era uma jovem comum dos anos 70 e 80 em São Paulo.
Não era hippie, não era estrela do rock. Era estudante, baladeira e 'dona do próprio nariz'.

Teve muitos sonhos, e tentou realizá-los o mais cedo possível.

Ao realizar cada um deles, ela ia percebendo que não eram realmente sonhos, e sim pequenas vontades. Logo descobria que aquilo não era o que queria.

Um de seus maiores "sonhos" era ser psicóloga. Para isso, prestou vestibular para psicologia no que antes era o Objetivo.Era muito jovem, entrou com apenas 17 anos.
Diz que morreu de vergonha quando sua mãe precisou ir para assinar a matrícula, pois ainda era menor de idade, no meio de todos aqueles jovens já 'autônomos'. Percebeu que ela não era tão 'dona do seu nariz' assim.
Mas ainda sim, seu sonho estava sendo realizado, estava a caminho de se tornar uma psicóloga!

Quando formada, montou seu consultório, e assim se realizara seu 'sonho'. Sua vida estava completa, por enquanto.

Mas depois de alguns anos exercendo a profissão, percebeu: "Não quero ser psicóloga".
Seu sonho já não era mais sonho, e sim uma vontade. Passageira.

Saiu do ramo, trabalhou com muitos outras coisas. Já não tem mais sonhos.
Agora, ela tem vontades.
E a próxima vontade à ser satisfeita é a de trabalhar como funcionária pública. Na área de administração, até que a próxima vontade apareça.


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Essa é a história de Sonia Maria Bovolenta Peres.
Agora sem emprego, sem sonhos, cheia de vontades. Namorada, feliz, e mãe de duas filhas.
Uma delas, a que vos escreve.

Um comentário:

Madame disse...

Adorei o texto Flávia!
Vê como no fundo, as pessoas vivem de seus sonhos?