20080814

Bloqueio criativo - parte I.

Um ócio, uma(s) inveja, uma saudade, uma raiva, uma dor, inúmeras tristezas.

Sim, eu tenho um amor, uma família, uma preocupação, um amigo, uma razão, uma inteligência, um futuro, um prazer, um monte de uma coisa. Mas é como um buraco-negro, meu monólogos estão cada vez maiores e mais improdutivos, minha sensação de solidez aumenta e aumenta e aumenta, e eu estou de repente naquele círculo vicioso em que me vi muitas outras vezes.
Eu reconheço minha felicidade, mas não a sinto.

Onde está a minha felicidade?

Existe algo que suga toda a positividade, ou mesmo a realidade de mim, e esse algo EU SEI, sou eu, e ninguém mais.

Eu culpo a tudo e todos por esse meu vazio, para que eu pareça, para mim mesma, mais forte. Como eu sempre fui.
Eu anseei, e anseio sempre, por um tipo de reconhecimento, mínimo que seja. E esse reconhecimento não me é mais merecido. Mesmo que eu não o tivesse recebido quando me era de direito.

Eu me sinto como algo inútil e indiferente de existência, e alguém poderia me entender, ou mesmo compartilhar dessa minha insensatez, mas não há, e eu nem quero que haja, realmente, esse alguém. Pois eu sei que é estúpida, essa minha insensatez, e que não vale de nada à ninguém, ninguém mesmo, nem mesmo eu mesma...

Sim, eu sei também. Eu sei também, muito bem, que existem outras pessoas que merecem mais do que eu toda essa felicidade que eu recebo, e elas apreciariam, ô se apreciariam.
Mas eu continuo eu aqui. Me remôo, me machuco, corto e furo tudo que possa sangrar, pois está tudo bem e esse algo (o eu) que suga a minha positividade quer que fique tudo mal. Quer que eu seja coitada, e seja tratada como coitada.
Pois quando assim for, sei que vou tentar ser o contrário, e de repente meu buraco-negro, de novo, o Eu, se esvazia, corrói, em toda a alegria que me causarei.
(E eu deixarei de ser esse algo, esse buraco-negro, eu mesma.)

E eu sei, você me verá cheirosa e sorridente. Sempre que trouxer sua atenção à mim, todas essas poucas vezes, e vai ser estranho. Tudo, e toda eu, parecerá mentira. E talvez seja, talvez não.
De uma forma ou de outra, não precisarás preocupar-te em me dar mais do que um sorriso sincero, mesmo que vires as costas logo em seguida. É só (tudo) isso que preciso para prolongar a minha felicidade momentânea.

Quem sabe os momentos durem mais, e as pausas durem menos, assim.


-
Preciso de alguma droga natural, como a felicidade. Por favor, alguém me injete alguma felicidade direto na veia, e que corra rápido ao coração, ou à mente, ou à qualquer lugar em que eu e o buraco-negro estejamos, pois eu estou precisando.

E me desculpa, toda essa negatividade, é que chegaram as férias da minha auto-confiança, segurança e do meu valor, e agora só sobrou eu mesma, e sabe como é, né... Eu sou chata.

Näkemiin

Um comentário:

Madame disse...

Me fez lembrar Vinicius de Moraes...

"Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste..."